27 dezembro, 2012


vim te
dar ador
ar amor
tecer -
te
ia;
te
cido -

vim ser vis
to que
ri do
ama
do
vivo por ti

26 dezembro, 2012

Como era mesmo
aquela frase de Nietzche
que fez mais sentido 
depois de voltar
do mar?

"Brincavam à beira 
do mar,
veio então a onda 
e levou
seus brinquedos para o fundo.
Agora choram.

A mesma onda, porém, lhes trará 
novos brinquedos e espalhará 
aos pés deles novas conchas 
coloridas.

Assim se consolarão, 
e vós também, meus amigos, tereis como eles
vossas consolações
e
novas conchas 
coloridas."

Lá estavam: eu
o sol, o mar e a areia
eu olhava o mar
e o mar me olhava de lá

pra cá, pensei:

Poderia estar brincando na areia
com ela, a divertida
como ela eu bem poderia
só ler um livro de poesia
ou do velho jovem Werther 
- tanto sofria
não sofre mais
matou-se.

Dei-me conta:
estou sozinho!
chorei c'as ondas
mas só um pouquinho
pois passou uma moça
de shortinho

Quisera Carlota
ser tão sensual
quanto as raparigas
de fio dental

Enfim, Zaratustra desceu
à praia da Daniela
hoje quando eu
o levei a ter com ela.
Conversamos sobre tudo
sobre:
amor
o mar
roma
arom
a de milho e churros.

Não falamos de meu amor 
amargo porque não quis lamber 
o assunto porque o milho estava 
amarelo e salgado, e amarelo 
o sol queimava meu cocuruto

Não falamos 
com amor
porque el no 
contestó.

12 dezembro, 2012

Eu quero ser uma estrela da pedra, neném




"I wanna be a rockstar" é um grito por liberdade tão urgente à adolescência que exterioriza a angústia em forma de gutural, pelo berro: nossa ferramenta, nossa arma mais primitiva, anterior à própria linguagem, quase “blablação” não fosse o significado da frase na língua inglesa, mas, em princípio, é como se o significado das palavras pouco importassem. O personagem rockstar foi o boêmio dos anos 90 (a música foi composta em 2002, na década seguinte, portanto o personagem do rockstar é como um resquício diurno, como se a década anterior fosse a "aurora" de minha atualidade; como se a década anterior fosse o dia, que forma todo o inconsciente obscuro, a noite atual, em mim, que alucina, sonha, com o ser rockstar nos anos 2000), o anarquista, o poeta, por quem as mulheres se atraíam apesar das roupas surradas e rasgadas e dos cabelos mal-penteados (seria justamente por isso que elas se atraíam? por parecer que precisam de mães, os rockstars? desejavam se sentir, com eles, a mais poderosa das mulheres: a mãe? cuidando dessa criança desamparada e angustiada que é o rockstar?).

Quando grito o que quero ser em outra língua imediatamente explicito (fico nu) que quero ser outra coisa que não isso que forçosamente sugere minha língua materna, minha mãe: quero renunciar a mãe, superar o desamparo, tornar-me o falo invejado; quero dominar a mãe, e por isso quero ser rockstar, possuir, dominar as muitas mulheres que se atreverem a serem minhas mães. Grito ao contrário do que me foi dado durante toda minha formação de sujeito, meu espírito torna-se leão e grita o sagrado "NÃO!" do Zaratustra de Nietzsche - nesta música meu espírito ainda não está pronto para se tornar criança, minha virtude não está tão potente.

"You want to hate, I don't wanna blame". Sou assim violento justamente por não querer sentir esse ódio por quem me tornei, apesar de em geral sentir que querem que seja eu seja odiado; e também não quero culpar ninguém, não me cabe culpar, sei que sou quem sou só por ser quem sou e isso não diz respeito a ninguém se não eu mesmo. E, como não sou mais cristão, e nem quero sê-lo, não me culpo. No entanto falo sempre na negativa, por isso tenho que ser agressivo, tenho que exteriorizar essa dor em força, quero produzir subjetividade, desejo; ação positiva contra o discurso-negativo: tenho que ser dialético para evoluir. "Listen what they say, what I told you: I wanna be a rockstar, baby. I wanna be a rockstar". Eu nem mesmo tenho assunto, é apenas isso que desejo, é isso que me falta: ser um rockstar, tudo o mais é anunciação: escute, escute... Mais uma grosseria minha, outra agressividade: chamo tua atenção, peço para que me escute, para então gritar em teus ouvidos o que quero: ser um rockstar. "Your life's so swell, well I don't really wanna live like that". Pois é justo isso: não quero ser bacana, não quero ser o bom vizinho, o que dá presentes à namorada somente nos aniversários; quero ser o amante! quero ser o poeta! (sei que Werther me entenderia) prefiro morrer a ser bacana (por fim a morte, sempre a morte no final, e somente com a morte se pode acabar).

Para mostrar que sei ser rockstar e que faço o que bem quiser eis que transformo a música em salsa, mas mantenho a mesma harmonia do grunge (assim avanç, vou mais além, sinto que supero um de meus ídolos, Kurt Cobain e seu Nirvana: quero, eu mesmo, tornar-me um ídolo), depois mais esta outra coisa (que era de meu amigo e me foi dado com carinho por ele, mas bem sei que nunca será meu, e por transferência me compadeço e me aproprio, agrego ao meu discurso; com a ajuda de meu amigo me torno essa outra coisa que quero ser, e como o amo, bem poderia ser ele, meu amigo, que me tornarei, por isso faço questão de usar o material que me oferecido por meu amigo) que não respeita a harmonia, sobe e desce cromaticamente, que se fortalece em dinâmica, de pouco em pouco, e cada vez mais, ralenta e... explode! em Tom Jobim. Ah, Tom... não quero sentir ódio, não quero culpar, escute... eu quero ser você! Só que do meu jeitinho. Ainda não sei qual é, por isso grito, por angústia, mas escute... estou tentando.

Eu vou ser um rockstar antes que eu morra.

Até que isso me mate, como o fez com todos os outros rockstars, boêmios, poetas, artistas e amantes: quero morrer de amor, não de ódio e culpa, de ser bacana. Produzir vida até que isso culmine em morte.

08 dezembro, 2012

r olhem melhor mulher r ehlum

te amo
me fez filho
fará pai

pra que sou
me diz: trai!
dá e mata fome

também é mãe
também é
também é irmã
e também é,
mais
é meu umbigo que me faz
ser mais
mulher.

06 dezembro, 2012

Por que será
que quando me querem
não as quero mais?
Aquelas que me ferem
feitas Vênus de peles
fazem-me capataz;
sinto-me incapaz
de ficar sobre meus pés
de ficar sob teus pés.

Tua beleza me assusta
E só és esta que és
Tão distante, tão arisca...

Não será eu
quem não se arrisca
a roubar um beijo teu?

02 dezembro, 2012

Sasha Grey

Sasha grey é uma atriz pornô que gosta do que faz, diferente de quem diz que gosta mas passa anestésico no cu para sentir menos dor. Ela grita e tem uma bunda linda e grande. Gosta de possuir e dominar muitos homens ao mesmo tempo (que mal são homens, porque não costumam ter rostos, apenas pau) e de ler Sartre. Aposentou-se antes dos trinta anos e fez muito homem gastar dinheiro só para fantasiar com seu gosto de mulher que gosta de dar - coisa que diz-se rara. Ela é linda e ja fui apaixonado por ela; tenho muito orgulho de sua profissão, de seus lindos peitos pequenos e de seus cabelos naturais na cabeça e na boceta. Já quis amá-la muito mais que qualquer atriz de novela.