"E tal dupla – o músico-teórico Pitágoras e o músico prático Jubal – sinaliza a assimilação medieval de uma distinção de raízes platônicas que, amplificada por Boécio, ainda ressoa em nossos ouvidos: em uma esfera, a música é entendida como meio privilegiado para a ascese mística, mas em um círculo mais baixo, a música, demasiadamente humana, é causa de emoções desordenadas e, por conseguinte, um instrumento incitador de degenerescência." (Sérgio Freitas. p 13)
Compositor, arranjador e intérprete; editor, produtor e técnico de som; responsável pela Cereja Azul; estudante de Arquivologia na UFSC e estagiário na Fundação Franklin Cascaes. Interessado em estética, ética, psicanálise e poesia.
19 março, 2017
Funk é filho de samba, do rap, sob o império do pop, na nação bossanova
"E tal dupla – o músico-teórico Pitágoras e o músico prático Jubal – sinaliza a assimilação medieval de uma distinção de raízes platônicas que, amplificada por Boécio, ainda ressoa em nossos ouvidos: em uma esfera, a música é entendida como meio privilegiado para a ascese mística, mas em um círculo mais baixo, a música, demasiadamente humana, é causa de emoções desordenadas e, por conseguinte, um instrumento incitador de degenerescência." (Sérgio Freitas. p 13)
05 março, 2017
Se o MBL falou, tá valendo o contrário
A questão do turbante especificamente é polêmica, eu não saberia opinar, mas sinto que apropriação cultural, que no Brasil se dilui e se confunde com nossa anti tradição antropofágica, existe sim. Há pressão no social para embranquecer sim, alisa-se o cabelo por muito mais que essa suposta praticidade do cabelo liso. Eu mesmo que nem negro sou me envergonhava por meu cabelo volumoso, pelo simples motivo de ser volumoso, sentia-me feio porque não me reconhecia nos heróis, cantores e outras personas brancas de cabelos lisos que bombardeam crianças dia e noite. Se um branco quiser fazer seja lá o que for que grupos de negros e outras minorias possam criticar como racistas, pouco o impede de fazê-lo, no entanto responsabilize-se e reconheça que se pode pertencer, sim, a esta categoria de quem ignora a questão racial.
04 março, 2017
O Estado hostil contra a Música forte
O vídeo chega a assustar pela truculência diante de um conflito tão banal quanto volume de música em um Sábado à tarde, faltam mandado e medidor de decibéis, sobram armas e confiscos.
Não adianta argumentar com o funcionário, militar responde à corporação e outras autoridades. No começo do vídeo o policial faz uma pergunta mui pertinente, és advogada? Se fosse, pela Lei, o funcionário público teria de mudar o tom, chamar de doutor e outras bobagens. Militar não responde às mesmas leis civis.
Não estivessem uniformizados, ninguém teria dúvida de que se trata de assalto, e esta deve ser uma questão central da discussão, o Estado ampara e legitima este tipo de arbitrariedade, vide reintegrações de posse, apreensões de fantasias políticas e toques de recolher durante o Carnaval. É inútil discutir essas questões com um policial no exercício de seu ofício, militares são treinados para suportar ofensas e pressões psicológicas muito piores que nossa civilizada consciência poderia articular.
Precisamos resolver os traumas decorrentes da ditadura, resgatar a Comissão Nacional da Verdade, problematizar a militarização da polícia nos municípios, nos desalienar de motivos e interesses da ação do Estado, ou ao menos reconhecer seus efeitos, por exemplo, em periferias, comunidades de maioria negra. O problema é estrutural.