27 agosto, 2017

Os piores filmes

The Room, porque é ruim em tudo, não há nada, é esqueleto de um corpo doente, um clichê, desnutrido, come qualquer coisa. Enredo fraco, personagens ruins, cenário qualquer, texto mal escrito, fotografia sem propósito, som mal colocado, edição mal feita. Mas este filme nos revela segredos, a virtude de Wiseau é fazer da pior maneira o possível o que a Globo e Hollywood se esforçam para maquiar.

Eu não faço ideia do que estou fazendo com minha vida, de Clarice Falcão, e de fato não sabia, nem deveria tê-lo feito. É parecido com The Room, não há o que assistir, mas compadecemos porque ela tenta, é deprimente. Tenta fazer diálogos que interessem, reflexões cativantes, tenta, logo não consegue. Wiseau não tenta, faz, e da melhor maneira que consegue, sozinho, e compôs algo imbatível. Este filme da ex Porta não tem porque.

Minha mãe é uma peça deveria ser drama. A personagem mãe do autor é tão preconceituosa, tão grosseira, asquerosa, é sujeito mais desagradável que David Brent ou Michael Scott, com a diferença que neste filme da Globo a piada não é o palhaço do canalha que faz piada com gordo, mas o próprio conteúdo da piada, como se a expressão rolha de poço ainda tivesse algum resquício de graça. Nunca teve e não tem. A mãe passa o filme inteiro humilhando os filhos gay e gorda, sem dar a mínima atenção para o adulto, hétero, casado, sob a justificativa de que este já está resolvido. É uma mãe que ignorou o filho que fez como ela queria e humilhou os que não quiseram ser ignorados. Há mães assim, que amam no abandono e na humilhação. Não entendi a comédia do filme, uma única cena em que a tal mãe conversa com sua irmã e falam mal de homem, ali ouvi piada, clichê, mas com alguma graça. Não terminei de assistir e acho incrível que haja continuação. A única atriz que nos convence de ser o personagem que é é a gorda, boa artista, mas não sei como se prestou a tamanha humilhação.

Nunca assisti Transformers, não lembro de Velozes e furiosos, e outros como Homem de Ferro 2 e os novos de super heróis, tenho certeza de que todos merecem lugares em listas deste tipo, mas não pecam em produção e costumam agradar parte da demanda, o grande defeito é serem tão comuns e irrelevantes, são mais caros, mas como entretenimento não são tão diferentes de programas domingueiros de auditório, o público é que é diferente, a oferta só se adéqua. Blade Runner não mereceria estar nesta lista, mas não suportei terminar de assistir.

Ontem assisti o francês Raw no Netflix. Não sei em qual o gênero pretende se encaixar, mas é o mais aterrorizante que já vi. As cenas do trote universitário, o professor cuzão, tudo nos deixa angustiados e ansiosos. Eu deveria ter percebido que seria um terror, gênero que detesto, na cena da biblioteca, em que o diretor coloca a irmã da protagonista para nos dar um susto gratuito. Nada de mais, gratuito mesmo. Não consegui me manter fitando a cena em que personagem vomita o muito cabelo que comeu. A última cena que suportei foi a em que a irmã mais velha força a virgem mais a nova a se depilar, sob a justificativa de que todas as meninas fazem, em nome da abstrata beleza. Não bastasse a tortura da própria dor física de depilar-se a que muitos se sujeitam, a protagonista o fez contra a vontade, suportando a tortura de não negar uma gentileza da irmã em nome de um padrão. Após alguns golpes de cera, a irmã mais velha percebe alguma merda que fez e decide usar uma tesoura grande e de ponta para concertar sei lá o que próximo à vulva da irmã. Talvez este seja um filme sobre o pior possível, se na ausência dos pais só ocorresse o pior. A caçula grita uma frase que devia ser simples a toda mulher entender, minha vagina, e chuta a mão da que empunhava a tesoura decepando a ponta de um dedo. Não consegui nem parar o filme, a Jhu que o tirou, meu desconforto foi tão grande, senti ânsia de vômito, pernas fracas, mãos trêmulas, fiquei não sei quantos minutos no banheiro chorando, e não à toa este é o parágrafo mais longo deste texto inútil e catártico, a angústia é real, este filme é terrível. Talvez seja a proposta, é infinitamente pior que a fantasia de Jogos mortais, ou mesmo a crueza de Faces da morte, foi uma das piores experiências que vivi, pior que parque de diversão, pior que descer o fosso de luz do meu prédio para resgatar o Pipoca, este filme me assustou mais que apanhar, foi um golpe nalgum trauma com que não quero lidar, não recomendo a ninguém que sinta.

14 agosto, 2017

Rádio univer si tária

vim te ver
santa e bela
por ela mais vinte
dedos na tecla,
na tela, no ouvinte

vou fugir dessa mesmice à educação
perder um pedacinho de certeza lá no fundo do mar
lançar por esse estado mais mil formados
pra fazer desse cristal espelho sabão

vinte anos
somamos
ao termos mais vinte
danos, sopranos
compramos requinte

nas manhas do cu do mundo
belezas ímpar
vagabundas confessas
fronteiriça litorânea
uni versos idades
no universo de lages
hoje tou triste, pecador
perdi meu emprego, chicão
tá mandando no baixo, mas não
se escutam os sensei

vim te quebrar
a cara, rir
te humilhar
e pedir-te
beijos e carne
de porco é brinde

Ouça toda a obra do Foo Fighters em uma única música


O último disco do Foo Fighters pra que dei atenção foi o One by one, mais porque já gostava do Nothing left to loose e quis conhecer mais da banda do cara que já havia tocado com um de meus compositores favoritos, Kurt Cobain, do que por ter curtido o primeiro single, All my life. Este disco até tem bons temas, mas não me desperta o interesse como os anteriores, parece que é aqui que Dave Grohl começou a se repetir e parou de se esforçar tanto pra compor, pode até ser coisa de gravadora. Quando lançaram Best of you rompi com a banda. Foi político. Tema monótono, repetitivo, texto raso de auto ajuda, cafona, clichê, parecia aula de como escrever música estilo Foo Fighters, com um quê de Coldplay. Só de pensar sobre, ela se cola feito chiclete ou cocô de cachorro pela calçada. Terrível. Não mais fui atrás, evitei, não ouvi mesmo.
Hoje meu amigo Arthur Brotto perguntou se eu havia ouvido a última música lançada por eles, que estava ouvindo, e esta era igual a todas as outras, que nem quis ouvi-la inteira. Enquanto eu abria o vídeo imaginava, vai ser forte e melódica como Times like these ou aquela forma dinâmica estrofe piano refrão forte que se faz desde os idos de 1980. Foo Fighters tem poucas formas musicais, por exemplo a que se mantém baixa sussurrada, como nas belas Walking after you, Aurora, Tired of you, e tantas outras. A que se mantém forte, Dave Grohl, que é ótimo cantor, faz dinâmicas expressivas, como na clássicas My hero e Everlong. O que varia é o arranjo, até a tonalidade das músicas se repetem, o cantor é bom e técnico, não costuma sair de sua tessitura, que é grande. Todas essas formas, todas as ideias, aparecem no primeiro da ainda banda catártica de um homem só, já em 1995.

Uma crítica mui adequada a esta crítica é de que eu não conheço, nada, do que produziram entre 2004 e 2015, são 10 anos.

Eis que retorno a hoje. Abri o vídeo de Run sem muita expectativa, e todas elas foram atendidas. A música começa suspirada e piano, o cantor varia sua dinâmica junto da banda, como o esperado. Quando o tema entra parece recuperar Weenie beenie do primeiro disco, surpreende, depois entra um refrão melódico que emenda no primeiro tema, a banda forte, o canto dinâmico, como nas clássicas, é um bom arranjo. Dave Grohl aqui parece se usar de todos os recursos que aprendeu durante sua carreira de compositor, o cantor mostra seus melismas, gritos, suspiros. É uma música completinha. Arthur disse que eles estavam para lançar um disco completo ma por enquanto só esta música. Mas acho que o pessoal, não entendeu, é isso mesmo.
Agora que ouvi a música pela segunda vez ela já me pareceu mais tediosa. O vídeo é bonito. Achei linda a insurreição dos idosos contra as imposições de uma psiquiatria asilar. Foo Fighter sempre foi bom em vídeos, Dave Grohl sempre trabalhou muito, e fez bem tudo o que fez, nos diverte como ator, é bom guitarrista, ótimo cantor, como compositor não decepciona seus fãs, mas pra isso se repete, talvez por gosto ou por ofício, não quero moralizar, mas fazendo meu juízo de gosto, prefiro não.

04 agosto, 2017

Ladainhas e clichês que se escuta falar sobre fazer música

Muito hoje se fala sobre música como negócio, assunto mais que urgente. Diz-se que um grupo de música, uma banda, é como um casamento, depois diz que deve se levar como um negócio, sem misturar o pessoal e o profissional. Ora, ou se casa por tesão e amor ou por arranjo econômico e familiar institucional. Música não é sequer casamento ou empresa. O Palcodigital levanta importantes estereótipos que atrapalham a manutenção de um grupo de música, mas são genéricos mal articulados que atrapalhariam qualquer investimento na vida, é a técnica do mind set, querer manipular a maneira de o músico pensar para encaixar-se no padrão estabelecido.

Não podemos nunca fazer as coisas em nome do medo, é uma questão espinosista, medo é paixão triste, portanto nos tira a potência de agir. Porquanto o medo nos proteja da morte, a música não se trata de sobreviver, mas de produzir desejo, super viver. Um sujeito pode não querer largar seu emprego e dedicar-se a banda de tal maneira não só por medo da fome, mas porque mais deseja a tranquilidade e estabilidade de sua família ou qualquer outro motivo subjetivo. Fazer música não é ter loja de capas para celular, é fazer arte. Envolve a vida do sujeito por inteira, do nascimento ao fim, não se trata apenas de manter-se vivo, mas de aumentar a vida, não só a própria. O medroso não deveria estar em bandas nem em lugar algum, mas a arte pode, por exemplo, lhe sublimar este afeto triste e lhe permitir um bom esquecimento. Expulsar um medroso da banda só para que a banda venda mais? Pois bem, cada um tem sua prioridade, mas me parece arbitrário.

O perfeccionista deve ser valorizado, mas ter o ego amansado. A banda não deve ser um ambiente paranoico para que os sujeitos se encaixem, mais uma vez, no status quo. Mas ambiente para transcendência, logo não é nem casamento nem empresa. Dificilmente um esposo ou esposa gostaria que seu cônjuge transcendesse algum aspecto no relacionamento, isto deveria ser minuciosamente negociado. Na empresa então nem se diz, se o patrão não gostar de uma sugestão ou ação, o que espera o sujeito crítico é o desemprego e a fome.

Fazer da música simples demanda a ser atendida, sem inclusive dar ferramentas de formação para os músicos, pode desqualificar o meio. A maioria dos compositores no Brasil nunca tiveram contato com educação musical formal, não que por si isto seja defeito, é uma qualidade a ser considerada, porém se estes músicos são alfabetizados pelo ouvido, lhes sendo exigido apenas atender pedidos de público alvo, dificilmente se desapegará dos clichês. O perfeccionista deve ser convidado a cada instante a mostrar seus defeitos, na mesma medida reparar-se-á em suas qualidades. O problema de evitar o perfeccionismo é que hoje muitos músicos deixam esse aspecto técnico, que não deixa de existir, para as máquinas, com quantizações, afinadores, e outras ferramentas digitais. Para o público não há queixa, as músicas chegam todas com os mesmos volumes, temperaturas, temperamentos e sabores, é como comprar um chocolate diferente no mercado, pode até ser pior que o favorito mas não será ruim. Não como ir num museu, este choca, irrita, encanta, muda nossa vida um pouquinho. Para o artista, essas ferramentas digitais, quando usadas para maquiar, lhes impede de ouvir também seus acertos. A maquiagem serve de cores e correções, a arte de coração, sincera, ou então irônica, ou qualquer outra coisa, mas não sem intenção ou emoção, como intenções de farmacêutico de bairro.

O atrasado é realmente um problema em todos os ambientes, de trabalho, de amizade, qualquer que seja o compromisso por informal que seja, atraso é deselegante e desrespeitoso, independente da situação. Mas não é imperdoável. Houve tempo em que bandas se reuniam basicamente em escolas ou bairros, hoje as metrópoles possibilitam encontros cada vez mais distantes, e as imprevisibilidades de trânsito, o tempo de deslocamento, obrigam alguns membros que dependem de transporte urbano para deslocar a si e a seus instrumentos, viajarem durante horas para percorrer poucos quilômetros. Não é exagero. Principalmente quando há horário marcado em estúdio pago, o atraso é imperdoável. Mas não há algo que esta banda possa fazer na ausência deste membro? Há alguma maneira de favorecer um pouco quem se desloca mais, quem tem menos recursos para o transporte? Ou a banda deve ser todas de pessoas com o mesmo poder aquisitivo? A única solução para este membro é sua expulsão? Ele é assim tão desimportante? É difícil encontrar horários para todos na banda, sempre é. Em shows não se pode atrasar, e contra isso poderia-se combinar até descontos no cachê, apesar de também arbitrário, mas os integrantes que tem carro podem oferecer caronas mesmo distantes com um diferencial no pagamento, ou a banda poderia reunir-se para oferecer diferencial para Uber ao membro que mora longe. Por isso banda não é empresa, empresa costuma pagar vale transporte. Nesse aspecto se parece com uma família, a empatia costuma ser ponto de partida. Também não se parece com casamento, porque há até um charme em certos atrasos como o da noiva.

A obsessão é também um problema em qualquer aspecto da vida, inclusive higiene pessoal. Não há muito o que falar, é assunto explorado pela psicologia, psiquiatria e psicanálise, astrologia, todos parecem ter opiniões e maneiras de lidar com obsessão. Não se deve nunca levar a popularidade como sintoma de qualidade. Nunca.

O instrumentista ruim pode ser ruim, mas mesmo Nirvana, famosa por não ter bons instrumentistas, é famosa também por ter uma obra consistente e relevante. O músico convidado para apoiar a guitarra instável de Kurt também não era lá grande instrumentista, mas fazia parte da estética. Isto o artigo do Palcodigital não considera, estética. Aliás, fala de tudo, menos de música. O instrumentista chamado ruim deve ser embarcado pelo grupo se assim lhes apetece, seja a fome pela amizade ou pelo rock n' roll. Adaptar-se a partir das dificuldades me parece um dos únicos meios eficientes de se fortalecer. A teoria, os livros, as estratégias são guias, mas a experiência, a dor e o prazer conectam esta consciência ao desejo, aos buraquinhos por onde escorre a criatividade. Um sujeito é um mundo e os escopos devem ser ultrapassados, como adaptar o arranjo do coro para a catedral sem deixar de inovar, evitar o trítono sem evitar a blasfêmia, pintar toda uma capela e oferecer um punhal aos Deuses. Todo artista mata Deus, porque sabe que morrerá, Deus não.

Querer que seu trabalho seja ouvido é, além de tudo o mais, óbvio. Divulgação e distribuição fazem parte da maneira como consumimos música hoje. Houve tempos em que não se tinha música em casa então todos eram obrigados a se deslocarem para alguns lugares e ouvir as mesmas músicas. Hoje a música vai até os bolsos das pessoas, pela rádio, pela tevê, pela rede. Pela rádio o artista precisa de jabá, pela tevê precisa fama e ideologia, pela rede precisa de canais e cliques. Com certeza pela internet é um meio mais fácil de se fazer ouvir, seja por muitos ou não. Divulgação de bandas pela web costuma se confundir com spam. Conhecidos com que há muito não conversamos pedindo pra ouvir suas músicas sem nunca terem se disposto a ouvir as nossas, grupos de amigos músicos em redes sociais com propaganda de shows e clipes, e sei lá mais o que sem nem curtir a página do amigo, ou seguir Soundcloud, Spotify. Pede-se muito dá-se pouco. Cada um tem a sua maneira de divulgar seu trabalho, o profissional nisso é o publicitário, se a banda quer trabalhos destes profissionalizados deveria contratar alguém que assim o faça. O marqueteiro não se implica na obra. Não podemos ignorar as questões de orgulho, vergonha, e outras subjetivas do autor. Seu trabalho é compor, vender é outra virtude, necessária, mas a banda deve se ajudar, sem se queimar e atolar a caixa de correspondência dos parceiros com discos que nunca ouvirão. Falta cena, artistas unidos falando um do outro, um crooner, uma Gal Costa que cante Caetanos, Gils, Cayimmis e a família toda, Miltons e clubes em esquinas que aceite mais que rock. Uma cena romântica, de ação, uma cena de militância e brio. Propaganda é alma de negócio capitalista, é o que diferencia Coca e Pepsi, não Van Ghogh e Duschamp. A alma da arte é outra, é preciso vender pra sobreviver, labuta é labuta, mas não devemos fazer música porque precisamos, como urinar, mas porque desejamos, como amar.

01 agosto, 2017

Melhor do que parece, O Terno



Delay, reverb, bonitos, protagonistas. A mixagem importa. Tim Bernardes tá cantando bem, bateria de Biel Basili presente, baixo de Guilherme d’Almeida maccartneyano. Bom refrão. percussão, a guitarra sempre bem timbrada, o fino do rock. A faixa de abertura, Culpa, é bonita.

Segue bem, se eu já tinha achado o nome da primeira faixa cristã, o órgão e a solenidade da introdução da segunda faixa quase confirma. Faixa divertida, dinâmica, bem arranjada, tá me fazendo pensar no título do disco.

Álbum dinâmico, desperta a curiosidade. O pan aberto, instrumentos separados, às vezes o baixo está à direita, charmoso, não chega a desequilibrar. Arranjos de voz bonitos, harmônicos. O C da terceira faixa caiu bem, inesperado, moderno. Uma alegre celebração amorosa, um ode.

Os arranjos estão realmente bonitos, cordas, vozes, percussão, mais a banda, baixo, bateria, guitarra e órgão dinamizam a leve repetição inerente a toda forma canção. Até aqui, todas as canções começam e terminam bem.

O Terno é uma banda de rock, fazem como os clássicos, misturam bolero, se atrevem na harmonia, na dinâmica, mas são rock. Percebem-se as referências, mas desenvolvem sua originalidade.

Eis que surge um samba, irônico, jocoso. Até o trompete parece caçoar, saturado e distorcido, bonito. Samba rock n roll.

Romântica, Volta, começa psicanaliticamente, nasceu amando. Me emocionou, deu saudade de minha namorada. Minha faixa favorita do disco.

“Minas Gerais” sobe levemente a dinâmica e muda de assunto, um rock exaltação, tipo Belchior. As referências são questionáveis, eis um bom compositor, o que bem disfarça suas fontes.

“Deixa fugir” não me convenceu, parece primeiro disco da Los Hemanos, com umas modulações sem graça ao final. Tou achando que o final do disco pode sofrer de uma síndrome do coda preguiçoso, também conhecido como encheção de linguiça porque o disco precisa de mais faixas.

Houve um tempo em que eu esperava pelo lado B dos discos. Os lados B do Silverchair, por exemplo, costumam ser minhas faixas favoritas, mas hoje parece mais obrigação de contrato, cumprimento de horário, como dizer que o disco precisa de 10 faixas. O último do François Muleka, O limbo da cor, não me causa essa sensação, mas o seu Feijão com sonho sim.

A penúltima faixa desperta o ouvido novamente, é uma bossa nova, curta.

O texto da última é uma queixa que já havia aparecido no repertório d’O Terno, o tédio das músicas novas. É um compositor realmente preocupado com sua obra, pesquisador, eu particularmente me canso do rock, mas é um gênero libertino, permissivo, um compositor que saiba se aproveitar do gênero pode compor boas canções, melhor do que parece, como esse disco. O final do álbum ficou Oasis, podiam ter aproveitado melhor os metais no final, mas tudo bem.