25 abril, 2016

duas músicas

Horárcio vai à praia, caminha calmo,  o ambiente é turvo, caminha quase definido, o passo é firme, tônico, o repouso aos poucos se anuncia. Será esta a praia? Realizou seus desejos no processo, quando concluiu há muito já estava concluído. O que mantém o movimento é devir, parece que é aqui mesmo que quer chegar, quando o padrão se modifica as ondas suingam, sabe bem onde está mas só ficará aqui mediante novidade.
Um ritmo composto se impôs, é romântico. Claro, sempre se chega num clichê, o amor é o melhor deles, é dessas repetições que requerem novidade, coisa de mar. Nem sempre o romântico é amoroso, e vice-versa, é melódico, já o era, harmônico. Afastou-se, prudente, acidentou-se voluntariamente. Porque o deseja, o acidente, sente a falta da casa, daquele passo firme que o trouxe aqui. 
É grave o retorno, quando foi que ficou tudo turvo, de repente, parece que enxerga nada além de som, é dificil interpretar som. O retorno é mais curto que o motivo se apresentando, o mistério revelou-se, a entidade já assumiu sua presença inevitável, som, e brinca e vai embora, Horácio vai à praia.

A única repetição é a novidade, sob o sol, circular, pentatônico, composto e grave, como se tornar aquilo por que se vive, e enfim, morrer, claro. Pra quem vive, a lembrança, flor improvisada, buquê gabi, um fruto veneno amoroso, roba.

18 abril, 2016