20 dezembro, 2013

Súbita poesia para a moça que passa

De vez em quando olho uma linda moça que passa
E só o que eu queria era poder fitá-la pelo resto de minha vida
Ver sua escura saia fina balançar ao leve sopro de meu levado amigo vento
Penetrar o soslaio de seu olhar que tenta brilhar pelo perfil de seus cabelos coloridos
Metros e mais metros de pernas que carregam toda a tristeza de estar longe de mim
Pra longe de mim.
                            Só, passa, já passou.
Tão linda quanto uma única flor repetida mil vezes
Escapada de um portão pátrio
Aberta, escancarada, arregaçada feito bico de pinto faminto
Úmido feito amor e saliva e choro e boas vindas
À tua frente os seios se mostram sempre
Em volume e lembrança, segura e criança
Balança com as batidas dos pés e do coração
Que cai e choca
E morre no concreto, nas pedras, nas cincas e no cinza do chão
Por onde passou.

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