26 novembro, 2012

alta imensa maior que o mundo mais linda que dinheiro mais alta que coqueiro mais verde que o sol mais azul baguaçu violentada como santa decaptada tosada assassinada de uma vida de séculos mais velha que eu e que qualquer gaúcho vivo que vai morrer apesar de achar que não quando matou minha irmã minha árvore frutífera que alimentava meu irmão pássaro que cantava pro meu id sonho que velava meu descanso sono que agora acorda ao som de máquinas monstros estão avançando pra cima de mim e de minha vó que podia já ter morrido para não ter que passar por isso mas fico feliz que não porque a amo a amo como amo a cabeluda gárgula vênus portal do meu lar onde sempre sempre sempre sempre sempre sempre vivi e morei mais ainda não morri será que querem me matar? acho que sim mas não vão conseguir porque o único que pode tirar minha vida sou eu meu amor e a árvore mas a árvore já morreu agora só no ano que vem do ano que vem do ano que vem do ano que vem de mais de cem anos daqui quando seus cabelos voltarem a crescer que mania chata essa a dos homens que cortam os cabelos e as árvores pra caber mais carro e mais vaidade e menos amor e menos fruta de verdade já que fruta no mercado é feita de dinheiro sem dinheiro ninguém come as frutas do mercado nem vão morar nos monstros edificados que gritam a noite como se chorassem e devem chorar pois deve ser triste ser tão odiado e tão rico ao lado de gente tão amada e tão rica de amor e de árvore e de gatos cachorros e não de yorkshires e palmeiras mas sim avaí e guarani do abraão não de coqueiros mas da praia do cagão.

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