26 setembro, 2014

Cover, releitura e autoria

No cover se reproduz a obra de um artista, deve-se adquirir uma técnica para executá-la, mas o músico cover ainda ñ cria, recria, retrata uma paisagem antiga, em tributos se pretende o milagre da ressurreição, em covers bem feito temos a ilusão de reviver aquela época, mas é teatro, o contexto é agora, atual, apesar de o texto ser antigo. 

Há uma outra maneira de um músico tocar a obra de outro, relendo-a, refazendo-a a seu modo, no seu tom. A versão comporta traços, fios, do autor e do intérprete, resulta de uma espécie de troca, parece roubo aos defensores dos direitos autorais justamente pelo autor ñ ter participado consciente na troca, mas infelizmete a obra ñ pertence ao autor, tem vida própria, a releitura transa com a própria obra ñ com o autor. 

Mas a sublimação última possível é a música autoral, nela o resultado é o fazer artístico, as referências ainda aparecem, mesmo q o autor ñ repare o pode assustar feito um monstro. A música própria é a filha sempre primogênita, pois q os pais ñ se sabe bem quem são, a filha é sempre de outro, o autor se sente quase estuprado por tudo o que já viveu, deve ter controle das palavras pois agora são suas, se responsabilizará por elas, apesar de ñ poder realmente desfazer o que foi dito, desfazer-se da filha, ela já nasce debutante e é um pouco vadia.

Um comentário:

  1. Sua descrição do processo de criação autoral de música creio ser válida também para a literatura: "a sublimação última possível", "pois já nasce debutante e é um pouco vadia ."
    E totalmente errante...

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