14 setembro, 2016

Ordem, progresso; polícia, desejos e devires

Como dizem, se organizar direitinho, todo mundo transa. É dizer, há espaço pra libido de todos, pra todos os desejos, mas precisamos organizar.

Na bandeira do Brasil diz ordem e progresso, cafonice positivista, mas conceitos efetivos. De um lado o progresso, o avanço, a mudança, os devires, e do outro a ordem, a manutenção, a neurose. Parte dessa conciliação é feita pelo Estado Democrático de Direito, e a polícia é um dos principais pilares de uma nação firme e justa. 

O que sustenta qualquer um dos pilares deste Estado Democrático de Direito, que é o Brasil, é sem dúvida o cidadão. O projeto de Estado é votado pelo cidadão para que junto ao direito produza leis que protejam o cidadão de, inclusive, outro cidadão, que estimule a economia, a cultura,em nome de mais riquezas, belezas e bem estar social. 

Em casos homéricos de corrupção esperamos poder contar com uma polícia justa, autônoma e bem amparada, contra casos de violência cotidiana, brigas domésticas, na rua, em casos de assalto, ameaças, a boa polícia quando começa a investigar não falha. Por isso tão assustador quando agem de forma truculenta em nome de um Estado que não foi o eleito, por exemplo. A polícia pode ouvir o cidadão, porque ela trabalha para um Estado Democrático. Se esta voz não é a ouvida nas ações do judiciário, do legislativo, do executivo, falta o Democrático no Estado de Direito.

Não se defende menos polícia, questiona-se seu uso. Contra uma manifestação, é necessária uma polícia ostensiva, armada, à cavalos? Contra as drogas, é mais eficiente a polícia ou a Saúde? Uns dizem que sim, outros que não, enfim, opiniões e estratégias diferentes. Como organizar esses desejos dentro de um mesmo Estado? Poderes, constituições, leis, regras sociais, morais... mas nunca podemos deixar de questionar, de criticar, as ideias, ideologias, os desejos, os devires, a própria neurose deve vir do cidadão, do sujeito, não imposto por instituições. Ora, não é isso que se diz contra instituições religiosas? Que cada um possa interpretar o texto à sua maneira e ter meios de que sua voz possa ser ouvida, mesmo que seja dentro de uma garrafa jogada no mar, ou no Twitter. 

Um político não escuta elogios quando faz um bom trabalho, mas crítica, sugestão mesmo fazendo um bom trabalho, no final das contas é pra isso que está ali, para ouvir e legislar em nome de quem fala e vota. Fazemos assim em muitas instâncias, mais reclamar que elogiar, coisa grosseira, podemos mudar, depende de cada um, no entanto há quem se sujeite a prestar serviços ao público, por ofício ou paixão, e deve se responsabilizar pelo local de fala que ocupa. Um boxista reclamar de levar um soco, um psicanalista se queixar que seu paciente fala demais, um pianista reclamar de ouvir piano, um cobrador de ônibus se queixar de dar o troco...